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Emagrecimento psicologicamente sustentável 🌿

  • Foto do escritor: Nathália Barabás
    Nathália Barabás
  • 29 de ago.
  • 4 min de leitura

Seja nas redes sociais, nas conversas do dia a dia ou em consultas médicas, há sempre alguém em busca de uma forma de “perder peso rápido”. Porém, essa pressa muitas vezes abre espaço para estratégias perigosas, como dietas extremamente restritivas ou o uso de métodos que não levam em conta a saúde física e mental.


Mas afinal, o que significa emagrecer de forma saudável? E por que tantas pessoas acabam se vendo presas em ciclos de compulsão alimentar, ansiedade e frustração ao tentar mudar seus hábitos?



O que é emagrecimento saudável?


Emagrecer de maneira saudável não se resume à redução de números na balança. O objetivo principal deve ser a melhora da qualidade de vida, com a preservação da saúde física, emocional e social. A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda que a perda de peso seja gradual, respeitando o corpo e promovendo mudanças sustentáveis, em vez de soluções rápidas que dificilmente se mantêm no longo prazo.


Além disso, cada organismo responde de forma única. A taxa metabólica, a genética, o histórico de saúde e até fatores emocionais influenciam no processo. Por isso, a busca por estratégias “universais” pode gerar frustração e, em alguns casos, até prejuízos à saúde.



Dietas restritivas: por que são um risco?


As chamadas dietas da moda — que excluem grupos alimentares inteiros, restringem calorias de forma drástica ou prometem resultados imediatos — parecem atraentes, mas podem trazer riscos sérios.


Entre os principais problemas associados a dietas restritivas estão:


  • Efeito sanfona: a rápida perda de peso geralmente é seguida por um reganho, muitas vezes ainda maior. Isso acontece porque o corpo entra em “modo de economia de energia”, reduzindo o metabolismo para se adaptar à escassez calórica (Sumithran et al., 2011)


  • Déficit nutricional: cortar carboidratos, gorduras ou qualquer grupo alimentar essencial pode levar a carências nutricionais, comprometendo funções importantes do organismo


  • Impactos psicológicos: a restrição extrema pode aumentar a ansiedade em relação à comida, reforçando a sensação de fracasso quando ocorre algum “deslize”



Assim, em vez de garantir um emagrecimento sustentável, essas dietas tendem a criar um ciclo de esperança e frustração, afetando tanto o corpo quanto a mente.


Compulsão alimentar: quando a comida vira refúgio


Um dos riscos mais sérios de estratégias restritivas é o desenvolvimento (ou agravamento) da compulsão alimentar.


A compulsão caracteriza-se por episódios em que a pessoa ingere grandes quantidades de comida em pouco tempo, acompanhados por sentimentos de culpa e perda de controle.

Estudos mostram que restrições severas estão diretamente associadas ao aumento da compulsão alimentar (Polivy & Herman, 2005). Isso porque o corpo, privado de nutrientes e energia, reage com um desejo intenso por comida.


É o famoso: "restrição gera compulsão"

Além disso, fatores emocionais como estresse, tristeza ou solidão, podem potencializar esse comportamento.


É importante destacar que a compulsão alimentar não é simplesmente “falta de força de vontade”. Trata-se de uma condição séria, que muitas vezes requer acompanhamento profissional multiprofissional (nutricionista, psicólogo e médico).



A ansiedade no processo de emagrecimento


A ansiedade é uma das companheiras mais comuns de quem tenta emagrecer. O desejo de ver resultados rápidos, a pressão estética e até o medo de “fracassar” acabam aumentando a tensão emocional.


Essa ansiedade pode se manifestar de diferentes formas:


  • Preocupação constante com o que comer ou não comer


  • Pensamentos repetitivos sobre a própria imagem corporal


  • Comer em excesso como forma de aliviar a tensão (chamado “comer emocional”)



De acordo com pesquisas, altos níveis de ansiedade estão associados ao maior risco de comportamentos alimentares desregulados e dificuldade de adesão a mudanças sustentáveis (Kandiah et al., 2006).


Por isso, aprender a manejar a ansiedade é fundamental. Técnicas de respiração, prática de atividade física prazerosa, psicoterapia e até momentos de lazer podem auxiliar a tornar o processo de emagrecimento mais leve e realista.


Reeducação alimentar: um caminho mais sustentável


Se dietas restritivas e a pressa não funcionam, qual seria a alternativa? A resposta está na reeducação alimentar.


Esse processo não é sobre proibir, mas sobre equilibrar. Ele envolve aprender a se relacionar melhor com a comida, respeitando sinais de fome e saciedade, incluindo todos os grupos alimentares e, principalmente, compreendendo que não há alimentos “bons” ou “ruins”, mas contextos e quantidades adequadas.

Na prática, isso significa:


  1. Priorizar alimentos naturais e variados.

  2. Evitar extremos e permitir flexibilidade.

  3. Estabelecer uma rotina que seja possível de manter no longo prazo.

  4. Trabalhar a consciência alimentar, valorizando cada refeição como parte do autocuidado.



A reeducação alimentar, diferente das dietas da moda, tem impacto positivo não apenas no peso, mas também na saúde metabólica, no bem-estar psicológico e na qualidade de vida como um



Emagrecer de forma saudável não é uma corrida, mas uma jornada. Mais do que perder quilos, trata-se de construir uma relação equilibrada com a comida e com o próprio corpo. Dietas restritivas podem até parecer promissoras, mas abrem espaço para compulsão, ansiedade e o ciclo desgastante do efeito sanfona.


Ao invés disso, investir em reeducação alimentar, apoio psicológico e escolhas sustentáveis pode trazer resultados mais consistentes, não apenas no corpo, mas na vida como um todo.


Lembre-se: a busca pelo emagrecimento saudável não deve ser um peso a mais para carregar, mas sim uma oportunidade de cultivar mais leveza e bem-estar no dia a dia.


Referências


Kandiah, J., Yake, M., Jones, J., & Meyer, M. (2006). Stress influences appetite and comfort food preferences in college women. Nutrition Research, 26(3), 118–123.


Polivy, J., & Herman, C. P. (2005). Dieting and binge eating: a causal analysis. International Journal of Eating Disorders, 26(3), 193–205.


Sumithran, P., Prendergast, L. A., Delbridge, E., Purcell, K., Shulkes, A., Kriketos, A., & Proietto, J. (2011). Long-term persistence of hormonal adaptations to weight loss. New England Journal of Medicine, 365(17), 1597–1604.


World Health Organization. (2021). Healthy diet. https://www.who.int/news-room/fact-sheets/detail/healthy-diet

 
 
 

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Psicóloga Clínica | Especialista em Terapia Cognitivo-Comportamental 
CRP 06/134422
Itupeva/SP

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